quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

A estampa do amor

Fechando meus olhos me recordo de um imenso número de camisetas nesse tempo em que estive com ele. No primeiro dia estávamos no bar quando nossos olhos se encontraram e na mesma hora já me ocorria o que iria acontecer, ele vestia uma camiseta de banda, Nofx, branca, escrita azul, listras azúis nas mangas e usava também uma bermuda, verde musgo e um all star preto, combinando com o meu, cano alto. Na última vez que o vi, o procurava no metrô, anciosa, nervosa, a primeira coisa que vi foi sua camiseta, novamente de banda, era a vez do System of a Down, e essa foi a última, depois desse dia não mais o vi, não mais o abracei ou o beijei. Não tive mais a chance de apreciar suas camisetas, sempre compridas. Lembro-me de manhã quando com os dedos acompanhava os desenhos nas estampas, e o seu olhar apaixonado que me deixava sem fala, ainda hoje minhas camisetas sentem falta das dele.







terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Um adeus de meu diário

Ele se ajoelhou, disse carinhosamente "Tchau coisinha!" me deu um abraço, segurou minha mão, me deu um beijo de canto, levantou, não consiguia soltar sua mão, ele foi se afastando e então seus dedos foram soltando os meus,
pela última vez.

eu estou me envolvendo com você porque você chegou até mim
de um jeito que palavras não podem descrever
(vou te alcançar se eu puder)



sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Metade

Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
pois metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo
não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimento
porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço
que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
e a outra metade um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
que me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui
e a outra metade não sei
Que não seja preciso mais que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço
Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é a canção
E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Vou-me embora para Flórida

Vou-me embora para Flórida
Lá sou amiga dos sonhos
Lá tenho castelos
De modo que fechando os olhos posso ser a princesa
Vou-me embora para Flórida


Vou-me embora para Flórida
Aqui não tenho o brilho de uma estrela
Lá a Universal é Studios
De tal modo que tudo pode acontecer
Que princesa acorda com um beijo
O sapatinho de cristal
E a madrasta é infernal
Mas no final eles sempre vivem felizes para sempre


E como brilharei
Criarei sorrisos
Montarei contos de fadas
Subirei ao céu
Tomarei banho de chocolate
E quando estiver apaixonada
Deito em meu castelo
Mando chamar o meu príncipe
Pra me fazer sonhar
Que no tempo de eu sozinha
Estrelas vinham me mostrar
Vou-me embora para Flórida


Na Flórida tem tudo
É outra magia
Tem parques
De nos levar a infância
Tem príncipe e princesa
Tem bichos falantes
Tem magia à vontade
Tem musicais encantados
Para a gente namorar


E quando estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de não mais sonhar
- Lá sou amiga dos sonhos -
Lá tenho castelos
De modo que fechando os olhos posso ser a princesa
Vou-me embora para Flórida



Além de mim

Era uma noite qualquer, de um dia qualquer, já era tarde, todos em casa já estavam dormindo e lá estava eu, cantando "And when i touch you i feel happy inside, is such a feeling that my love, i can't hide", rolava de um lado para outro na cama. Adormeci, não sei depois de quanto tempo, muito menos por quanto tempo, só sei que tive um sonho, mas não conseguia entender o porquê dele.
Havia uma menina, muito bonita, uma beleza e um jeito singular. Nos seus braços tinha um ursinho de pelúcia que parecia mais seu amigo do que um simples urso, devido ao jeito como ela o abraçava. Parecia que ele a estava escutando, mesmo, sem ter saído uma única palavra de sua boca, como se ele estivesse a abraçando e dizendo que tudo ficaria bem.
Ao lado de sua camahavia uma janela, era por ela que a menina olhava o céu. Um olhar de desespero, medo mas, ao mesmo tempo, de esperança. Parecia estar esperando por uma - ou milhares - estrela cadente, porém, como as chances eram pequenas, ainda mais aqui na cidade, ela se contentava em pedir às estrelas mesmo. Seus olhos brilhavam igual, ou mais, da estrela de brilho mais forte. Ela depositava toda sua esperança nas estrelas, como se elas realmente pudessem, e fossem, realizar seus pedidos e como se sua vida dependesse disso. E eu não duvido que dependesse.
Pude perceber que ela estava com problemas do coração, nada mais comum, porém, mais doloroso. Ela se irritava ao lembrar de seu primeiro amor; sabia que ele não tinha acabado, ou ao menos começado, sabia que tudo que aconteceu havia sido só porque ele não apareceu na hora certa, não sabia o que fazer pois tinha certeza de que não teria outra chance de tentar fazer dar certo. Ela tinha também em sua cabeça um outro menino, não sei quem era, sua segunda chance do amor ou, um simples amigo, mas ela estava com uma saudade absurda dele, queria abraçá-lo e se perder em seus braços e não na ecuridão duma noite ou em pedidos que ela fazia às estrelas.
A menina precisava de alguém ao seu lado. Naquele momento as estrelas e o urso eram seus únicos amigos. O brilho de seus olhos foram aumentando, e então, de seu olho uma lágrima escorreu, acordei. Olhei as estrelas, percebi então que aquela menina era eu e aquela escuridão me assustava.
Liguei para meu primeiro amor, quase via outro lágrima escorrer de meus olhos. A sua voz me acalmou, ah! como eu precisava dele! Um carneirinho, dois carneirinhos, três carneirinhos, quatro carneirinhos, boa noite dona estrela!

Primeira pessoa do singular

Do que você tem medo? Qual a sua comida favorita? O que mais te chama atenção em alguém? Por quem você se apaixona, porquê? O que te faz trocar de rádio? Qual a cor de seus olhos? Quanto você mede? Qual a cor de seus cabelos? Você usa aparelho? Usa óculos? Quantas vezes por dia você vai ao banheiro?

Velho sonho

Nada mais que um sonho, quero sonhar a vida inteira; Só de
pensar em ti o colorido volta a brilhar e em preto e branco o mundo deixa de estar; Pro paraíso é com você que eu quero ir, ser feliz ao teu lado, te fazer sorrir; Pra fora da realidade eu viajei ao te encontrar, e agora que encontrei, não quero mais largar; Te amar me faz delirar e no mundo perfeito é onde eu penso estar; Perfeito como tu eu quero aprender a ser, te fazer feliz o tanto que tu merecer; E pra ti meu amado, eu tento escrever pra lhe mostrar o quanto te amo, tente entender, você é tudo pra mim!






Tão de repente como um sonho aconteceu,


tão perfeito como um anjo apareceu;


No tempo me fez viajar,


e no paríso pensar estar;


Nada a mais de um sonho era,


quero ter um sonho deste a cada primavera.

Rimas


Abrir e fechar;


Cair e quebrar;


Subir e descer;


Querer e poder;


Machucar e sarar;


Bater e apanhar;


Ter e conquistar;


Viver e tentar;


Chorar e sorrir;


Sonho e ilusão;


Deixar e perder;


Amar e odiar;


Princípio e fim;


Eu e você.



sábado, 10 de fevereiro de 2007

No metrô

Nervosismo, os seus olhos procuram por ele e nada, o tempo não passa mas o relógio corre. Pessoas entram e saem, um corre corre, casais se encontrando, se despedindo ou brigando, a música toca em seu ouvido lhe confundindo. Ansiedade, você não sabe o que fazer quando o vir, não sabe se corre e o abraça, o beija ou diz que o ama e que estava morrendo de vontade de senti-lo novamente. Os seus olhos o encontram, de cabelo curto, olhando de um lado para o outro, vestido com uma camiseta do System, é, é ele mesmo, imediatamente um sorriso floresce em seu rosto, você anda em sua direção e o abraça, respira bem fundo e sente o mesmo perfume que você passou o dia inteiro sentindo sem nem saber ao menos da onde ele vinha. Felicidade, um sentimento repentino, quando você está deitada no sofá e sente uma mão pegar na sua mão ou quando essa mesma mão puxa você pra bem pertinho e lhe abraça. Atenção, é, atenção que fica ali, no pézinho do ouvido, quando você quase cai do sofá só pra lhe dar um beijo, aproveitar que a irmã foi na cozinha e quando ouve o barulho da porta deita de novo, e finge que nada aconteceu. Friozinho na barriga, quando você liga, fica esperando ouvir aquele alô, daquela voizinha linda que te faz delirar, mesmo de longe mas esse mesmo friozinho na barriga se manifesta quando...Toque, um simples toque! Vazio, ele está indo embora, lhe beija bem forte, lhe abraça, quando você ouve o Tchau mal acredita. Tristeza, é o aperto no coração cada vez que você pensa o quanto ele está longe e quanto tempo vai demorar pra você sentir aquilo de novo...Pele com pele, aquilo pelo qual você sente falta todo noite quando encosta sua cabeça no travesseiro. Arrependimento de não ter dado mais um beijo, mais um abraço, ter dito mais uma vez o quão lindo ele é ou o quanto você o deseja. O seu toque faz falta, a sua risada de bobo e suas meias fedidas e molhadas. Sua cara de despreso ou seu olhar de anjinho, seus beijos de manhã ou noites inteiras acordadas. Seu pão com Coca-Cola, suas dançinhas da hulla e sua boca...queria entender como consegui encontrar todos meus desejos e realizações bem ali?...Não faz sentido, mas sabe? Não procuro por um sentido, procuro por ele, na estação de metrô.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

As pessoas e o tato

Sabe quando você precisa de alguém? Quando você está triste, está chorando e torce pra ninguém ver, ninguém comentar mas ao mesmo tempo deseja muito que alguém se sente ao seu lado e lhe demonstre o quanto se preocupa com você e lhe diga quantas vezes for preciso que você não é idiota! Fale coisas lindas, baixinho só pra você ouvir do tipo que você fica bem mais bonita sorrindo ou então que adora suas bochechas mas prefere quando elas não estam molhadas; diga pra você não chorar em público, pra não deixar os outros perceberem mas que ali com ele, você pode chorar, o quanto quiser! É disso que qualquer pessoa precisa! Outro dia vi um filme, no qual um homem dizia mais ou menos isso: "É o sentido do tato. Numa cidade de verdade, você anda...esbarra nas pessoas. Estamos buscando uma resposta. Acho que sentimos muita falta do taque. Damos encontrões uns nos outros para sentirmos alguma coisa." Realmente é o sentido do tato, nós precisamos das pessoas, do toque delas, das palavras delas, dos sentimentos delas e muitas vezes da aprovação! Sinto falta de tantas pessoas, de tantos amigos e mesmo os encontros, olhares e esbarros na rua não preenchem a minha falta do toque. O toque de um velho menino apaixonado ou do melhor abraço consolador, e nos vai e vem da vida nos esbarramos em pessoas que sentam ao seu lado... uma pessoa que é tudo aquilo que você estava precisando. Pessoa essa que você torce pra esbarrar muitas e muitas vezes.

Duas semanas



Tudo começou não sei que dia, mas por mais clichê que possa parecer começou com um olhar, ééééé, um olhar! Estávamos todos lá, no bar, uns bebendo, outros conversando e outros só pasmando. Eu, obviamente estava pasmando, amarrando meu cabelo que um graaaaande amigo acabara de bagunçar. O cabelo entre meus dedos, olhei para a frente e, surpreendentemente, o vi, me olhando, com uma cara de deslumbramento, seja como for, ele estava olhando pra mim e isso já era MUITO estranho. Fiquei envergonhada, abaixei a cabeça, quando olhei novamente o mesmo olhar, dei um sorriso. Estava cansada daquele ambiente, daquele barulho, daquele cheiro, de tudo, fomos para casa, eu, minha irmã e nosso amigo. Adormeci na rede, fui acordada por um bêbado, que sentou em cima de mim e foi logo deitando, sem nem pedir licença, e por incrível que pareça, o tal bêbado era o que estava me olhando no bar. Ele era um amigo de longa data de minha irmã, daqueles que você olha de longe, acha lindo, nunca se mistura mas morre de vontade de fazê-lo. Ele foi chegando cada vez mais perto, foi então que tentou me beijar, eu como de costume, virei a cara. Ficamos lá, durante um bom tempo, ele tentando e eu virando a cara, até que ele finalmente adormeceu.
Num tremendo esforço fui me espremendo, me contorcendo pra sair da rede e não acordá-lo, consegui, mas todo meu esforço foi em vão, minha irmã veio o acordar para ir d ormir na cama. A casa estava cheia, tivemos que dormir juntos. E agora? Ele não ia dormir tão cedo! Um bom tempo passou, vai pra lá, vem pra cá e nada dele dormir. Ei espera ai, eu não virei a cara, eu o beijei! Mas como isso? Não, isso não era possível! Mas FOI! Eu o beijei! Eu mal dormi, já estava claro, fui tomar um banho, não agüentava de tanto calor, quando voltei ele tinha adormecido, no chão, acordou, veio para a cama e me beijou, ficamos abraçados. Ao levantar era como se quem estivesse lá não fosse ele, o meu rosto de fechou, não estava acreditando no erro que havia cometido. Era obvio que ele não ia mais ficar comigo! O que eu estava querendo?
A noite chegou, de volta ao mesmo bar, já não aguentava mais aquela sensação de ser invisível, eu estava morrendo de sono. De um lado estava meu amigo, André, que me abraçava e tentava me animar, do outro lado minha irmã, a espera de um amigo dela, o tempo passava e o relógio não andava e a gente lá, esperando! Duas horas, fomos para casa! Mais tarde o menino veio, entrou na sala, sentou em meu colo, em vez de sono, agora a raiva me subia a cabeça. Fui para o quarto, finalmente consegui dormir, quando acordei lá estava ele, ao meu lado. Não pude acreditar, o que ele estava pensando? Eu estava lhe fazendo carinho, não sei por qual motivo porque ele não merecia nada que viesse de mim, ele acordou e acredite se quiser, veio me beijar! Eu estava certa que agüentaria, queria provocá-lo mas a única coisa que provoquei foram mais algumas horas de amaços!
O tempo ia passando, e ao seu lado eu ia ficando! Quanto mais eu o beijava mais sentia necessidade disso. Depois de um tempo, os desejos foram se transformando em carinho! Os seus olhos não me olhavam da mesma forma, e nem os meus. Agora que estou longe vivo pela agonia de estar ao seu lado novamente, de poder beijar seus lábios e acariciar sua pele macia! Daqui uma semana os sorrisos apaixonados voltam para meu rosto.




O de sempre

Tudo começou num dia normal, como sempre, o interfone toca, ela atende, sai toda feliz para calçar os sapatos e desce, olhando no espelho, amarrando o cabelo, abre a porta, olha pra ele, sorri e abre os braços, eles se abraçam, ele estala os ossos dela, eles se separam, ele senta, ela fica em pé, seus pés tortos, uma mão no bolso e a outra roda a chave e eles conversam, riem, se abraçam e como muitas vezes ele diz que está com fome, ou sede, ela lhe oferece comida e ele sem nenhuma ocasião aceita, ela abre a porta, eles entram, ela tranca a porta, sobem, vão até a cozinha, ela faz um sanduíche de carne, ele fica satisfeito, os dois descem para ele fumar, entram no elevador, se abraçam e dessa vez, não soltam, simplesmente ficam lá, abraçados, o elevador chega, demora um pouco até se soltarem, rosto colado um ao outro, eles se olham - ele me beija - então, rapidamente os dois saem, abre, tranca a porta e de volta ao ponto inicial, ele sentado, ela em pé, ele a puxa e diz com aquele jeitinho: "Senta menina!", ela senta - ele deita em meu colo - mais risadas, eles conversam, contam casos e mentiras - ele me olha - um encostado no outro, o silêncio, a tranquilidade, uma barata, ele senta na escada, ela senta em sua frente, ficam abraçados, conversam, braços roxos, ele tem que ir embora, já está tarde, os dois trabalham no dia seguinte, e como diferente não poderia ser, se abraçam e novamente ficam lá, riem, a espera de que alguém, de que alguma coisa, enfim... ele tem de ir, ela abre a porta, esbarra nele - eu pego em sua mão - caminham, conversam, param, se olham, se abraçam, se olham - ele me beija - eu o abraço, o olho - ele me beija - seus rostos colados, a brisa do vento, abraçados - ele me beija - ele a olha, sorri carinhosamente, solta sua mão devagar, sorri e lhe diz: "Tchau!", vira e vai embora, ela fica ali, parada, olhando ele, cada vez mais longe, a luz da noite toma conta de sua imagem, ela vira, pensa consigo "Tchau!" - eu sorrio. Final clichê de sonho ou ele volta e me beija novamente? Ela, ou eu, ainda esperamos. De noite, fecho os olhos e peço que o final clichê seja dela, e não meu.




Maktub - Paulo Coelho

Como é fácil ser difícil. Basta ficar longe dos outros e, desta maneira, não vamos sofrer nunca. Não vamos correr os riscos do amor, das decepções, dos sonhos frustados.Como é fácil ser difícil. Não precisamos de nos preocupar com telefonemas que precisam ser dados, com pessoas que pedem nossa ajuda, com a caridade que é necessário fazer.Como é fácil ser difícil. Basta fingir que estamos numa torre de marfim, que jamais derramamos uma lágrima. Basta passar o resto da nossa experiência representando um papel.Como é fácil ser difícil. Basta abrir mão do que existe de melhor na vida.

O outro lado de minha janela

Ela esperava na janela, por seu príncipe encantado ou, simplesmente por seu novo amor, que preencheria seu tempo, lhe faria feliz ou que só lhe fizesse esperar por ele na janela.
E ela estava lá todo dia, procurando por ele, com um olhar de esperança. Ela sabia que ele viria, ele sempre vem, só não sabia quando e isso era o que mais a fazia chorar. Na janela de minha casa, eu a observava, sempre via algo brilhante escorrer de seu rosto, acho que são lágrimas, não queria que o fosse pois para mim, não há nada mais lindo do que vê-la sorrir. E já não me importo mais por ão ser o motivo de seus sorrisos, que seja com outros meninos, deis que ela sorria, para assim iluminar meu mundo.
Queria ser aquele por quem ela espera à janela. Sei que ela não me olha, nem ao menos sabe que existo, mas fico feliz só de vê-la sorrir. Sei também que não existe outro no mundo que a segure melhor que eu, que lhe faça parar de chorar e parar de olhar pro mundo como um precipício. Eu iria lhe dizer para não mais temer pois eu estaria lá para protegê-la mas isso, tenho que entender, fica só nos meus sonhos. Mas calma, ela chegou, ei, ei, ela está olhando para cá, e em sua mão está a rosa que lhe mandei. Ela está vendo algo brilhante escorrer de meus olhos. Mas como sabe que eu que lhe mandei a rosa? Será que era por mim que ela esperava à janela?
- Acorde Thiago, acorde! Se não você vai chegar atrasado na escola!


Você faz sentido

Quatro pessoas, dois casais, Offispring ao fundo, olhares, sorrisos e uma coca-cola, presente em todos os momentos da vida. Eu era uma das meninas, fazia casal com Rodrigo, um menino lindo pelo qual meu coração batia. A outra garota era minha irmã, fazia casal com Adriano, que era apaixonado por mim mas apesar disso eu poderia jurar que meu coralão não batia por ele, nem ao menos olhava pra ele. Eu não conseguia tirar os olhos de Rodrigo, era só ele que eu enxergava e isso não fazia o menor sentido, afinal Rodrigo não sentia nem metade do que Adriano sentia por mim, mesmo estando com minha irmã.
Uma música, em especial, começou a tocar, Can't repeat, e no instante em que cantaram "E eu só gostaria que eu pudesse parar", tudo, simplesmente, parou. Como? Eu não sei, mas fiquei assustada, olhei em volta, cutuquei minha irmã com esperança de que ela pudesse me dizer o que, exatamente, estava acontecendo, mas ela se quer mexeu um dedo. Pensei que ela e os meninos estivessem mortos, mas estavam todos respirando. Continuei procurando uma explicação, olhei para Adriano, sentado no banco da frnte, percebi então que mesmo que eu tentasse deslocar meu olhar dele, não conseguia. Ele estava sorrindo, tão lindo, um olhar de alegria por estar ali. Fechei meus olhos, pensei que quando os abrisse, pudesse olhar pra outra coisa, se não o seu lindo sorriso, que me fizera esquecer completamente de Rodrigo. Havia funcionado, de uma forma ou outra, porém, percebi que as coisas estavam diferentes. No primeiro minuto não conseguia entender o que era pois sentia uma alegria interna tão grande que acalmava meu coração, pisquei.
A música começava outra vez, - "Eu acordei no outro dia e vi que meu mundo mudou" - ouvi um suspiro, procurei por ele, percebi o que tinha mudado, encontrei Adriano, ao meu lado e não Rodrigo.
Não conseguia entender como ele pôde ter feito aquilo. Ele estava olhando pra mim, com uma expressão assutada, foi então que sorrimos juntos, e lá estava, novamente, aquele sorrisão lindo estampado em seu rosto. Ele foi se aproximando, e fui vendo o castanho de seus olhos, cada vez mais perto e então, ele me beijou. Não pude separar nossos lábios, nunca tinha provado um beijo tão doce, aquele que se encaixasse perfeitamente, como o dele se encaixou.
Perdemos o fôlego, fomos separando nossos lábios, vagarosamente, nos olhando e, antes que eu pudesse perguntar sobre Rodrigo, a música tocou novamente - "E eu só gostaria que eu pudesse parar" - quando o procurei, o vi junto a minha irmã, se beijando, no banco da frente. Olhei para Adriano, com cara de quem não estava entendendo, ele sorriu e disse: "Está tudo bem, princesa" e me beijou, simplesmente. Aquela alegria me tomou novamente, acalmando meu coração. Não pude deixar de viver aquele momento tão mágico, mesmo com todo o medo e insegurança por, ainda, não saber e entender o que tinha acontecido.
Acordei na manhã seguinte em minha cama, pensei que tudo tinha diso apenas um sonho, só que então, percebi que estava nos braços de Adriano, que me deu um beijo e disse que nunca tinha se sentido tão feliz, que ele estava, exatamente onde deveria estar, foi então que entendi tudo. Não poderia haver outro menino tão perfeito pra mim quanto Adriano, ninguém me faria mais feliz do que ele, o suposto menino ideal. Era com ele que eu deveria ficar, e foi por isso que tudo aquilo tinha acontecido. No final de tudo, ele é a única coisa que faz sentido.

Nenhuma lua ou estrela

Eu estava lá, eu vi, uma menina boba, de sorriso fácil, cabelos castanhos, sempre presos, com o seu casaco de todo o dia, faça chuva ou faça sol e seu velho amigo, seu all star preto, de cano alto; aquele seu jeito, acanhado talvez, grosseiro talvez, ou simplesmente como diria seu pai Camilo, - não há outro tão gato e cheiroso - toda sua agressividade era pra esconder a timidez, mas chega de falar dela e vamos falar dele. Não há muito o que dizer, não o conheço direito mas de qualquer forma, vi também um menino, nada bobo, com um olhar de mistério, seu cabelo comum, seu jeito comum de menino - não, não era um menino, estava mais para um homem - sua camiseta branca suada, seu tênis, talvez um nike ou adidas, não sei não tive tempo de reparar em seu tênis. Aquele menino, aquele olhar, ele escondia alguma coisa, ele era tão diferente mas ao mesmo tempo, poderia jurar que era tão igual a qualquer um outro dos milhares que eu vejo todo dia, daqui de cima.
A menina, estava envergonhada, havia um outro menino, não, um não, tinham uns três e parecia que todos a observavam, cada momento com toda expectativa, seu próximo sorriso ou sua próxima palavra. Tinham uma curiosidade em saber de assuntos que pra ela não eram de interesse de ninguém. Um dos meninos, André, insistia em abraçá-la e chamá-la de linda, tão encantador, mas o tal menino não, ele não lhe perguntava sobre sua vida particular, - mas acompanhava com muita atenção quando os outros falavam - ele não a chamava de linda, nem ao menos falava com ela, mas, mais do que ninguém ele a olhava, com todo aquele seu mistério.
A menina resolveu sentar, não sei se estava cansada ou simplesmente era um modo de se aproximar, seja como for, os dois começaram a conversar, como se já fossem íntimos, apesar de só terem conversado uma vez. Ele tirou o sapato dela, comentou sobre sua meia rosa, listrada, foi quando pisquei meus olhos, ao olhar novamente, pude ver, eles estavam sentados num banco, em volta flores e folhas e sua mão, sua mão estava no bolso dele.
Dedos entrelaçados e mais nada, as pessoas em volta haviam sumido, o frio que a abraçava havia passado, o céu sem estrelas e lua começava a brilhar. Lá estavam eles, não conseguia entender. Seu nome era Fernando e, todo aquele seu mistério, havia ofuscado meu brilho de estrela e para se transformar no brilho do amor.

Pra que o amor?

Pra que rimas e palavras bonitas
Não posso te ter
Perdi minha chance de poder e querer
Pra que promessas e pedidos
De que vale o beijo na chuva que sonhava
Se nele não há o sentimento que precisava
Pra que lembranças e sentimento
Se o medo de arriscar
Nos impede de brilhar
Pra que desejos e vontades
Toda confiança depositada
Junto com todas as noites sem limites lembradas
Pra que sorrisos e lágrimas
O que passou não vai voltar
E minha necessidade não vai acabar
Pra que amor? Pra que?
Pra que se todas as rimas foram desperdiçadas
E as palavras bonitas roubadas
Pra que se as promessas foram forçadas
Mesmo sendo os pedidos confiados
Pra que se as lembranças pertencem já ao passado
Mesmo sendo o sentimento eternizado
Pra que se os desejos imaginados
De nada serviram junto as vontades necessitadas
E os sorrisos únicos e as lágrimas sinceras?
Como ficarão? Me diga
Como ficarão sem você? Sem nós?
Me diga! Pra que? Pra que amor?