sábado, 6 de dezembro de 2008

"Sangue, sêmem, suor, cinza, lágrimas e a incurável imaginação poética da humanidade buscando significado."



Isabel allende ♠

A estrela cadente, o palito premiado

(something to cry about)


Cá estou eu, pela primeira vez pondo meu nome em jogo, no fogo. Primeira pessoa do singular, cara a cara comigo mesma, talvez. Não que seja fácil, mas é necessário. Transformar a dor, quem sabe?
Ruas guardam nossa imagem, andando juntos demão-dada, com pressa na maioria das vezes. Um piscar de olhos lotado de recordações e um suspiro desesperado; pedindo ajuda, socorro.
- Socorro!
É difícil, quase impossível.
Fugir toda vez que o pensamento chega em você.
Fingir que o sentimento não é mais presente.
Tentar arrancar você de mim.
Acho que é isso que venho tentando fazer desde que você se foi, sem nem dizer adeus.
Se fosse fácil!
Seu beijo ainda me alivia.
Sua mão ainda me acaricia.
Seu corpo ainda me esquenta.
Seu abraço ainda me conforta.
Seu olhar ainda me encanta.
Seu sorriso ainda me ilumina.
Seu amor ainda está em mim.
E de nada adianta fingir.
E de nada adianta fugir.


"Se fosse só saudade, mas tem sempre algo mais."


Se eu pudesse simplismente olhar em teus olhos novamente.
Se eu pudesse de alguma forma voltar no tempo e nunca mais te deixar ir embora.


Mesmo sem querer, meus olhos te procuram e meu coração te acompanha.
Ainda te espero, sempre te espero.





Amo você, mais que ontem, menos que amanhã.

Somos feitos de medo e desejo
Somos feitos de silêncio e som


"(...)ele não está apenas sugerindo que as pessoas mudem o seu modo de agir, e sim, que elas ajam igual a ele. Não se importando com mentes pequenas e indiferentes, mas defendendo seus princípios, ele reforça de modo irreverente e chocante:
Seja diferente! "

terça-feira, 9 de setembro de 2008


Tienen miedo del amor y no saber amar
Tienen miedo de la sombra y miedo de la luz
Tienen miedo de pedir y miedo de callar
Miedo que da miedo del miedo que da

Tienen miedo de subir y miedo de bajar
Tienen miedo de la noche y miedo del azul
Tienen miedo de escupir y miedo de aguantar
Miedo que da miedo del miedo que da

El miedo en una sombra que el temor no esquiva
El miedo as una trampa que atrapó al amor
El miedo es la palanca que apagó la vida
El miedo es una grieta que agrandó el dolor

Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá

Tenho medo de acender e medo de apagar
Tenho medo de esperar e medo de partir
Tenho medo de correr e medo de cair
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa aonde ninguém vai
O medo é como um laço que se aperta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar

Tienen miedo de reir y miedo de llorar
Tienen miedo de encontrarse y miedo de no ser
Tienen miedo de decir y miedo de escuchar
Miedo que da miedo del miedo que da

Tenho medo de parar e medo de avançar
Tenho medo de amarrar e medo de quebrar
Tenho medo de exigir e medo de deixar
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma sombra que o temor não desvia
O medo é uma armadilha que pegou o amor
O medo é uma chave que apagou a vida
O medo é uma brecha que fez crescer a dor

El miedo es una raya que separa el mundo
El miedo es una casa donde nadie va
El miedo es como un lazo que se apierta en nudo
El miedo es una fuerza que me impide andar

Medo de olhar no fundo
Medo de dobrar a esquina
Medo de ficar no escuro
De passar em branco, de cruzar a linha
Medo de se achar sozinho
De perder a rédea, a pose e o prumo
Medo de pedir arrego, medo de vagar sem rumo

Medo estampado na cara ou escondido no porão
Medo circulando nas veias ou em rota de colisão
Medo é de deus ou do demo? É ordem ou é confusão?
O medo é medonho
O medo domina
O medo é a medida da indecisão

Medo de fechar a cara, medo de encarar
Medo de calar a boca, medo de escutar
Medo de passar a perna, medo de cair
Medo de fazer de conta, medo de iludir

Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez
Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar
Medo que dá medo do medo que dá


 Lenine - Miedo

Acho que a grande questão é que, no fundo de tudo, eu ainda acredito em nós, no nosso destino. Acho que no fundo de tudo isso, meus olhos ainda brilham ao te encontrar e isso, ninguém pode mudar.

Universo em desencanto.

"- Tem duas condições para você não me perder e eu não perder você. Você não pode se sentir prisioneira, nem de mim, nem do meu amor, do meu afeto, de nada. Você é um anjo que precisa voar livre, nunca vai permitir que eu seja o único objetivo da sua vida. E a outra condição é nunca trair você mesma, porque se fizer isso vai se machucar, mas vai machucar a mim também. Eu te amo e vou te amar mesmo quando nossos caminhos se dividirem. Que você possa encontrar na sua vida a mais alta, plena e perfeita felicidade. E que eu possa fazer parte disso com você, enquanto você quiser. Porque... é bom que saiba desde agora: eu sempre vou querer, mesmo quando você não se virar mais para me olhar.


Estou aqui para você, só para você."


100 escovadas antes de ir pra cama - Melissa Panarello


There's no way back.

sábado, 23 de agosto de 2008

Mais uma de amor

Meu amor, meu Renanzinho, meu namorado, meu lindo, meu orgulho, meu lado, minha companhia, minha alegria, minha lágrima, minha espera, meu futuro, minha certeza, meu sentimento, o brilho dos meus olhos, meu sonho, meu desejo, minha satisfação, meu prazer, minha música, meu amigo, minha criança, meu medo, meu coração, meu doce, minha dor, meu ponto forte, meu conforto, meu apego, meu pensamento, minha verdade, minha preocupação, minha expectativa, minha briga, meu abrigo, meu carinho, meu sorriso, meu ciúme, minha força, meu dia, minha noite, minha vontade, meu desafio, meu quase marido, meu colo, meu lugar, meu abraço, meu beijo, meu arrepio, meu presente, meu desespero, minha volta, meu perfume, meu canto, meu apaixonante, minha voz, minha idéia, minha imaginação, meu bem querer, minha sintonia, meu par, minha combinação, meu encaixe, minha harmonia, meu bem-estar, minha calma, minha família, simplesmente...
MEU AMAR!

quinta-feira, 17 de julho de 2008

"Jogamos os jogos da vida, obedecendo a livros de regras, escritos com letra invisível ou com código secreto." (Arthur Kostler)


Jogar? Obedecer? Regras? Códigos?
O que nos guia?
O que acreditamos ou aquilo que é considerado certo?
Quem cria as regras, escreve os livros, desvenda o código secreto?
Qual é o jeito certo de jogar? Quem sabe?
Talvez uma das principais das ditas regras é não saber, é deixar o vento passar sem se preocupar onde é que o barco vai parar.



- p/ escola, Ensino Religioso

Um mundo de todos

Individualidades, egoísmos, umbigos! O universo antes de ser o universo é resultado de um conjuntode formas, elementos, substâncias, essências, características. Tudo o que criamos, e até mesmo nós, somos resultado
de uma junção; com base nesse pensamento não consigo chegar a uma lógica e explicar como é que chegamos nesse individualismo! Querendo sempre o melhor pra nós, mais para nós, tudo, tudo para nós. Com um olhar focado no umbigo, limitado a isso. Qual é a dificuldade em aceitar que não somos superiores a ninguém e que temos muito a aprender?
O mundo seria tão menos caótico se nos permitíssemos pedir ajuda. Nossa vida seria tão menos caótica se aprendessemos a olhar ao nosso redor!
O mundo é quase que um quebra-cabeça, que precisa de peças de todos,    a essência é essa.



- p/ escola, Ensino Religioso

Tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Presente ausência

Algo parecido com necessidade, mais puxado, apenas, para o lado da vontade. Vontade de ouvir sua voz, sentir sua presença.
Presença inenarrável, presença de companheiro, de amigo.
Amigo das palavras, das noitadas, dos risos, dos abraços.
O amigo de sempre.
Quando te procuro, quando não te encontro.

Todo mundo tem um segredo

Lá estava Gabriela, num lugar que a muito tempo não voltava, estava sentada ao chão do quarto, encostada na cama tentando encontrar uma desculpa para ir até a sala, conversar com Raphael, ficar mais perto talvez. Fazia tanto tempo que não o via, afinal.
Se levantou e lá foi ela... - Ei, então... você tem um fone? - Esse foi o jeito que encontrou e, por uns minutos ela até que conseguiu, mas não foi o bastante, queria mais, queria ficar ainda mais perto. Eles poderiam conversar sobre tanta coisa, passariam a madrugada toda rindo, lado a lado! Ela tinha certeza disso, mas, simplesmente não sabia como se aproximar.
De volta ao quarto, ficou horas esperando algo, difícil saber pelo que, mas acho que era por Raphael, é, devia ser.
Uma lua mais tarde, ela teve vontade de voltar no tempo, e fazer diferente.

A idéia saiu finalmente do cérebro. Era noite, e não pude dormir, por mais que a sacudisse de mim. Também nenhuma noite me passou tão curta. Amanheceu, quando cuidava não ser mais que uma ou duas horas. Saí, supondo deixar a idéia em casa; ela veio comigo. Cá fora tinha a mesma cor escura, as mesmas asas trépidas, e posto avoasse com elas, era como se fosse fixa; eu a levava na retina, não que me encobrisse as coisas externas, mas via-as através dela, com a cor mais pálida que de costume, e sem se demorassem nada.


- Trecho do livro Dom Casmurro de Machado de Assis

sábado, 19 de abril de 2008


Caminhos novos vou seguindo
Chorando, dizendo, sorrindo

quinta-feira, 17 de abril de 2008



Toca o telefone, é sua amiga Milena, que chora dizendo que está cheia de problemas. Juliana fica preocupada e quanto mais sua amiga fala mais longe sua mente chega. Ausente, teorizando, voando. Juliana só consegue pensar em "como definir alguém infeliz? O que isso significa? Quais são os verdadeiros problemas que alguém pode ter? Ser feliz?... feliz?" - seu cachorro entra no quarto, trazendo seu pensamento de volta à realidade. Milena ainda está falando de seus problemas e a todo momento enfatiza uma unha encravada e uma cicatriz! Banalizar, banalizar! ... de repente, seu pensamento é tomado pela voz, um respiro e ela joga no ar: - Porque é mais fácil analizar sua infelicidade a partir de uma realidade egoísta?

O mundo é bem maior que nós!

vem pra misturar juizo e carnaval
vem trair a solidão
vem pra separar o lado bom do mal
e acalmar meu coração

vem pra me tirar o escuro e a sensação
de que o inferno é por aqui
vem pra se arrumar na minha confusão
vem querendo ser feliz




"A CRIANÇA IDIOTA AGORA, TEM QUATORZE ANOS.
PARABENS PRA MIM(Y) :~ "

08/jan - 2006


quarta-feira, 2 de abril de 2008


Não sei há quantos anos deixei de me preocupar em definir o que sinto. Quando era novinha, sim. Aquelas dissertações se era paixão, amor,
atração, se era passageiro ou para a vida (confesso que quando era novinha, era sempre para a vida...), ocupavam-me horas. Lembro-me que antes de adormecer, a minha cama era uma autêntica palestra. Entre eu e eu. Às vezes até eu, eu e eu. Creio que chegávamos a ser quatro na cama.
Mas, como escrevi ali atrás, com o tempo comecei a adormecer sem “palestrar” comigo .Sobre nomes de coisas. E deixei de me preocupar em lhes dar nomes, mesmo. Quando muito, faço uma lista onde meto as sensações todas. E guardo, bem guardadinha para um dia, quando voltar a apetecer-me batizá-las, ou tiver insónias, mostrar a algum entendido e perguntar, então vá lá, isto é (era) o quê?

Se me pedisses e eu pudesse dava-te o Mundo. Não posso, mas eu sei que tu sabes que eu te daria o Mundo. Se pudesse.
Quando as coisas ficam pretas, quando o Sol se esconde, quando preciso de um ombro, é em ti que penso.
Quando quero o Mundo, mas sei que apenas me podes dar uma palavra, ou mesmo que não possas, continuo a querer o mundo e a ficar apenas com a palavra. Ou mesmo sem ela.
Se me pedirem para definir amigo, penso eu ti. Se me pedirem que pense em ternura, penso naquela moínha que sinto aqui num lugarzito que deve ficar entre o estomago, o coração, a alma e o olhos e que aparece sempre que te toco. Ou mesmo que não te possa tocar.
Se me pedirem que defina prazer, penso no que me dás. Se pedirem que defina desejo, sinto-te.
Se me pedirem que defina vida, falarei em acordar a teu lado. E como basta acordar a teu lado uma manhã, uma tarde ou uma noite, para ela fazer sentido. Adormecer também.
Se me pedirem para te definir...aí, não terei palavras. Que cheguem. Serás, portanto, ainda e sempre o meu Mar. E encantas-me. Muito mais que me encantaste naquela noite em que me esperaste ao fim das escadas. E muito menos que me encantarás amanhã.


- Isabel Faria


Troll Urbano .


Precisa-se de um amigo


Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois odos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de
orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.



- Vinicius de Moraes

Por te rever

Quisera roubar-te essas palavras e morrer
Trazer-te assim até ao fim do que eu puder
E começar um dia mais eternamente
Por te rever, só
Pudesse eu guardar-te nos sentidos e na voz
E descobrir o que será de nós
E demorar um dia mais eternamente
Por te rever, só
Quisera a ternura, calmaria azul do mar
O riso o amor o gosto a sal a sol do olhar
E um lugar pra me espraiar eternamente
Por te rever, só
Pudesse eu ser tempo a respirar no teu abraço
Adormecer e abandonar-me de cansaço
Quisera assim perder-me em mim eternamente
Por te rever, só


Numa cadeira vazia cabe tudo. Cabe a solidão. A esperança. A memória. A partida e a chegada. Num caminho também.
Na volta, uma cadeira vazia no ínicio de um caminho é apenas uma espera.
E se for no fim?



- Isabel Faria

domingo, 23 de março de 2008

sexta-feira, 14 de março de 2008


A velocidade do amor é proporcional às concentrações de respeito, humildade, alegria, amizade, sinceridade e compromisso presente na vida de cada um de nós, multiplicada por uma constante essencial em nossos corações: a capacidade de amar.

Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas
quando nunca pensei me decepcionar,
 mas também decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
“quebrei a cara muitas vezes”!

Já chorei com lembranças,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade.

Mas vivi, e ainda vivo!
Não passo pela vida…
E você também não deveria passar.
Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é “muito” pra ser insignificante.



- Charles Chaplin

“Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade. Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo,quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos, nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou,pois vendo-os loucos e santos,bobos e sérios, crianças e velhos,nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão…”



- Fernando Pessoa

"As palavras não revelam
Nada mais que o pensamento
Enquanto as faces espelham
O verdadeiro pensar do momento.
Os rostos são expressões das almas
Em formas de sentimentos
E o medo é aquele que toca
Os corações covardes,
Como acordes do piano."


'Viajando com Raul Seixas'
José Benedito Farias

domingo, 2 de março de 2008

"Faz tempo... muito tempo. E assim volto à mesma estaca, ao mesmo passo. Talvez até regredindo. O pior é que é tão igual, que é como se voltasse no tempo. É exatamente o mesmo passado, até impressiona, logo a mim."


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

"Nada está direto. A vida é insuportável.
Mas devemos calar."


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Meu abismo, meu abrigo! Só se vive o que se ama
Por isso, conta comigo pra qualquer destino


Olhe em volta

O que pôs tudo a perder em minha vida foram aqueles cinco minutos... foram os cinco minutos mais demorados de minha vida, onde vi tudo o que eu tinha construído a minha volta, desmoronando, a cada lágrima mais um pedaço de mim ficava naquele lugar. Ouvia a voz de quem eu amava, de quem me fazia feliz, de quem eu amava, de quem esteve sempre ao meu lado. A sua doce voz me dizia que não havia mais jeito, que naquele minuto, tudo acabava...
O último abraço amigo, a dor em meus olhos, e a coragem do último adeus que pairava bem longe de meu ser. Senti algo incrível! Em medos de dois minutos senti a maior segurança de minha vida, e nesses mesmos dois minutos o maior medo, o chão sob meus pés caia, se monstrando fraco, assim como eu. Palavras amigas, conselhos, uma certa história sobre subir degraus, sobre não precisar de ninguém, parecia atraente, na prática, é diferente.
Desses cinco minutos, o último foi o mais claro, mais rápido, o mais doído. Me vi, sem perceber, estacionada bem ao meio da rua. Não escutava os gritos, não sentia o vento bater, não falava a dor. Fechei os olhos, vi todo o amor que eu tinha, passar, e enfim me vi sozinha, perdida num canto qualquer.
Foram cinco minutos, minutos em que tudo de bom que havia em mim foram bruscamente arrancados.
Hoje, esses cinco minutos, mais tarde, se transformaram em cinco estrelas que vivem todo dia comigo, iluminando meu sorriso cada vez mais.



terça-feira, 12 de fevereiro de 2008


"Sou um cara muito sincero, digo exatamente
aquilo que está passando na minha cabeça.
Aí as pessoas acham que é loucura. Mas, no fundo,
o que procuro mesmo é não fazer tipo algum."


(Cazuza)

sábado, 26 de janeiro de 2008

Podia ser verdade

Eu estava ali, parada na quina do corredor, observando o movimento das pessoas só esperando pelo meu momento. Sabia por qual porta eu queria entrar, respirava cada vez mais pesado e me faltava coragem pro toc toc. Continuei ali, parada, esperando a porta abrir e eu ver sua imagem, quase esquecida de tão lembrada. Foi quando vagarosamente ela foi se abrindo...
Oh meu deus! Como ele estava lindo! Sua barbinha sem graça de sempre, seu cabelo agora estava comprido e ele tinha um incrível ar de felicidade que cada segundo que passava o deixava mais lindo. Fui saindo de trás da quina, sem intenção, só queria me aproximar, observá-lo de mais perto, ver todos os detalhes do meu sempre amado Diego. Os olhos dele correram por todo corredor foi quando me encontraram, estagnado, tanto quanto eu. Sua face repentinamente mudou, seus olhos brilhavam e diziam tudo aquilo que ele ocultava ao falar comigo, ao longe. Seus olhos não conseguiram esconder que aquele amor ainda existia, apesar de tudo que havia acontecido. As promessas não tinham sido jogadas ao vento e o sentimento, mesmo que distante, não estava morto, apenas desacreditado. Mas agora... agora eu estava à sua frente! Sem saber o que fazer, mas à sua frente. Minhas pernas, automaticamente, foram caminhando em sua direção. Cada passo era acompanhado de um medo, medo por não saber qual seria sua reação. Estava à um passo dele, novamente parei e fiquei ali, sentindo o vento bater, ouvindo a voz de muitas daquelas pessoas que passavam, esperando o tempo parar.
Dei um passo, frente a frente com ele, olhos nos olhos, fui me aproximando mais... lhe dei um beijo no rosto e pronunciei “Mais do que ontem, menos do que amanhã”. Minha vontade era de... Acho que não tinha vontades, eu não tinha desejos. Mal respirava! Estava assustada, parecia um sonho! Esperei tanto por aquele momento...
Fui me virando, desci os degraus e fui embora, só.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Incrível como só de te escutar, eu aprendo...



"As mães não são perfeitas. Um olhar sensível e verdadeiramente humano, no entanto, vê na imperfeição delas, a perfeição. As mães não são deusas. Não. Mas, pode crer, chegam bem perto."

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

(Marisa Monte - Infinito Particular)

Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou portabandeira de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular


quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Sem Ana, Blues

Quando Ana me deixou - essa frase ficou na minha cabeça, de dois jeitos - e depois que Ana me deixou. Sei que não é exatamente uma frase, só um começo de frase, mas foi o que ficou na minha cabeça. Eu pensava assim: quando Ana me deixou - e essa não-continuação era a única espécie de não continuação que vinha. Entre aquele quando e aquele depois, não havia nada mais na minha cabeça nem na minha vida além do espaço em branco deixado pela ausência de Ana, embora eu pudesse preenchê-lo - esse espaço branco sem Ana - de muitas formas, tantas quantas quisesse, com palavras ou ações. Ou não-palavras e não-ações, porque o silêncio e a imobilidade foram dois dos jeitos menos dolorosos que encontrei, naquele tempo, para ocupar meus dias, meu apartamento, minha cama, meus passeios, meus jantares, meus pensamentos, minhas trepadas e todas essas outras coisas que formam uma vida com ou sem alguém como Ana dentro dela.

Quando Ana me deixou, eu fiquei muito tempo parado na sala do apartamento, cerca de oito horas da noite, com o bilhete dela nas mãos. No horário de verão, pela janela aberta da sala, à luz das oito horas da noite podiam-se ainda ver uns restos dourados e vermelho deixados pelo sol atrás dos edifícios, nos lados de Pinheiros. Eu fiquei muito tempo parado no meio da sala do apartamento, o último bilhete de Ana nas mãos, olhando pela janela os dourados e o vermelho do céu. E lembro que pensei agora o telefone vai tocar, e o telefone não tocou, e depois de algum tempo em que o telefone não tocou, e podia ser Lucinha da agência ou Paulo do cineclube ou Nelson de Paris ou minha mãe do Sul, convidando para jantar, para cheirar pó, para ver Nastassia Kinski nua, pergunrando que tempo fazia ou qualquer coisa assim, então pensei agora a campainha vai tocar. Podia ser o porteiro entregando alguma dessas criancinhas meio monstros de edifício, que adoram apertar as campainhas alheias, depois sair correndo. Ou simples engano, podia ser. Mas a campainha também não tocou, e eu continuei por muito tempo sem salvação parado ali no centro da sala que começava a ficar azulada pela noite, feito o interior de um aquário, o bilhete de Ana nas mãos, sem fazer absolutamente nada além de respirar.

Depois que Ana me deixou - não naquele momento exato em que estou ali parado, porque aquele momento exato é o momento-quando, não o momento-depois, e no momento-quando não acontece nada dentro dele, somente a ausência da Ana, igual a uma bolha de sabão redonda, luminosa, suspensa no ar, bem no centro da sala do apartamento, e dentro dessa bolha é que estou parado também, suspenso também, mas não luminoso, ao contrário, opaco, fosco, sem brilho e ainda vestido com um dos ternos que uso para trabalhar, apenas o nó da gravata levemente afrouxado, porque é começo de verão e o suor que escorre pelo meu corpo começa a molhar as mãos e a dissolver a tinta das letras no bilhete de Ana - depois que Ana me deixou, como ia dizendo, dei para beber, como é de praxe.

De todos aqueles dias seguintes, só guardei três gostos na boca - de vodca, de lágrima e de café. O de vodca, sem água nem limão ou suco de laranja, vodca pura, transparente, meio viscosa, durante as noites em que chegava em casa e, sem Ana, sentava no sofá para beber no último copo de cristal que sobrara de uma briga. O gosto de lágrimas chegava nas madrugadas, quando conseguia me arrastar da sala para o quarto e me jogava na cama grande, sem Ana, cujos lençóis não troquei durante muito tempo porque ainda guardavam o cheiro dela, e então me batia e gemia arranhando as paredes com as unhas, abraçava os travesseiros como se fossem o corpo dela, e chorava e chorava e chorava até dormir sonos de pedra sem sonhos. O gosto de café sem açúcar acompanhava manhãs de ressaca e tardes na agência, entre textos de publicidade e sustos a cada vez que o telefone tocava. Porque no meio dos restos dos gostos de vodca, lágrima e café, entre as pontadas na cabeça, o nojo da boca do estômago e os olhos inchados, principalmente às sextas-feiras, pouco antes de desabarem sobre mim aqueles sábados e domingos nunca mais com Ana, vinha a certeza de que, de repente, bem normal, alguém diria telefone-para-você e do outro lado da linha aquela voz conhecida diria sinto-falta-quero-voltar. Isso nunca aconteceu.

O que começou a acontecer, no meio daquele ciclo do gosto de vodca, lágrima e café, foi mesmo o gosto de vômito na minha boca. Porque no meio daquele momento entre a vodca e a lágrima, em que me arrastava da sala para o quarto, acontecia às vezes de o pequeno corredor do apartamento parecer enorme como o de um transatlântico em plena tempestade. Entre a sala e o quarto, em plena tempestade, oscilando no interior do transatlântico, eu não conseguia evitar de parar à porta do banheiro, no pequeno corredor que parecia enorme. Eu me ajoelhava com cuidado no chão, me abraçava na privada de louça amarela com muito cuidado, com tanto cuidado como se abraçasse o corpo ainda presente de Ana, guardava prudente no bolso os óculos redondos de armação vermelhinha, enfiava devagar a ponta do dedo indicador cada vez mais fundo na garganta, até que quase toda a vodca, junto com uns restos de sanduíches que comera durante o dia, porque não conseguia engolir quase mais nada, naqueles dias, e o gosto dos muitos cigarros se derramassem misturados pela boca dentro do vaso de louça amarela que não era o corpo de Ana. Vomitava e vomitava de madrugada, abandonado no meio do deserto como um santo que Deus largou em plena penitência - e só sabia perguntar por que, por que, por que, meu Deus, me abandonaste? Nunca ouvi a resposta.

Um pouco depois desses dias que não consigo recordar direito - nem como foram, nem quantos foram, porque deles só ficou aquele gosto de vômito, misturados, no final daquela fase, ao gosto das pizzas, que costumava perdir por telefone, principalmente nos fins-de-semana, e que amanheciam abandonadas na mesa da sala aos sábados, domingos e segundas, entre cinzeiros cheios e guardanapos onde eu não conseguia decifrar as frases que escrevera na noite anterior, e provavelmente diziam banalidades, como volta-para-mim-Ana ou eu-não-consigo-viver-sem-você, palavras meio derretidas pelas manchas do vinho, pela gordura das pizzas -, depois daqueles dias começou o tempo em que eu queria matar Ana dentro de tudo aquilo que era eu, e que incluía aquela cama, aquele quarto, aquela sala, aquela mesa, aquele apartamento, aquela vida que tinha se tornado a minha depois que Ana me deixou.

Mandei para a lavanderia os lençóis verde-clarinhos que ainda guardavam o cheiro de Ana - e seria cruel demais para mim lembrar agora que cheiro era esse, aquele, bem na curva onde o pescoço se transforma em ombro, um lugar onde o cheiro de nenhuma pessoa é igual ao cheiro de outra pessoa -, mudei os móveis de lugar, comprei um Kutka e um Gregório, um forno microondas, fitas de vídeo, duas dúzias de copos de cristal, e comecei a trazer outras mulheres para casa. Mulheres que não eram Ana, mulheres que jamais poderiam ser Ana, mulheres que não tinham nem teriam nada a ver com Ana. Se Ana tinha os seios pequenos e duros, eu as escolhia pelos seios grandes e moles, se Ana tinha os cabelos quase louros, eu as trazia de cabelos pretos, se Ana tivesse a voz rouca eu a selecionava pelas vozes estridentes que gemiam coisas vulgares quando estávamos trepando, bem diversas das que Ana dizia ou não dizia, ela nunca dizia nada além de amor-amor ou meu-menino-querido, passando dos dedos da mão direita na minha nuca e os dedos da mão esquerda pelas minhas costas. Vieram Gina, a das calcinhas pretas, e Lilian, a dos olhos verdes frios, e Beth, das coxas grossas e pés gelados, e Marilene, que fumava demais e tinha um filho, e Mariko, a nissei que queria ser loura, e também Marta, Luiza, Creuza, Júlia, Débora, Vivian, Paula, Teresa, Luciana, Solange, Maristela, Adriana, Vera, Silvia, Neusa, Denise, Karina, Cristina, Marcia, Nadir, Aline e mais de 15 Marias, e uma por uma das garotas ousadas da Rua Augusta, com suas botinhas brancas e minissaia de couro, e destas moças que anunciam especialidades nos jornais. Eu acho que já vim aqui uma vez, alguma dizia, e eu falava não lembro, pode ser, esperando que tirasse a roupa enquanto eu bebia um pouco mais para depois tentar entrar nela, mas meu pau quase nunca obedecia, então eu afundava a cabeça nos seus peitos e choramingava babando sabe, depois que Ana me deixou eu nunca mais, e mesmo quando meu pau finalmente endurecia, depois que eu conseguia gozar seco ardido dentro dela, me enxugar com alguma toalha e expulsá-la com um cheque cinco estrelas, sem cruzar ¿ então eu me jogava de bruços na cama e pedia perdão à Ana por traí-la assim, com aquelas vagabundas. Trair Ana, que me abandonara, doía mais que ela ter me abandonado, sem se importar que eu naufragasse toda noite no enorme corredor de transatlântico daquele apartamento em plena tempestade, sem salva-vidas.

Depois que Ana me deixou, muitos meses depois, veio o ciclo das anunciações, do I Ching, dos búzios, cartas de Tarot, pêndulos, vidências, números e axés ¿ ela volta, garantiam, mas ela não voltava - e veio então o ciclo das terapias de grupo, dos psicodramas, dos sonhos junguianos, workshops transacionais, e veio ainda o ciclo da humildade, com promessas à Santo Antônio, velas de sete dias, novenas de Santa Rita, donativos para as pobres criancinhas e velhinhos desamparados, e veio depois o ciclo do novo corte de cabelos, da outra armação para os óculos, guarda-roupa mais jovem, Zoomp, Mister Wonderful, musculação, alongamento, yoga, natação, tai-chi, halteres, cooper, e fui ficando tão bonito e renovado e superado e liberado e esquecido dos tempos em que Ana ainda não tinha me deixado que permiti, então, que viesse também o ciclo dos fins de semana em Búzios, Guarajá ou Monte Verde e de repente quem sabe Carla, mulher de Vicente, tão compreensiva e madura, inesperadamente, Mariana, irmã de Vicente, transponível e natural em seu fio dental metálico, por que não, afinal, o próprio Vicente, tão solícito na maneira como colocava pedras de gelo no meu escocês ou batia outra generosa carreira sobre a pedra de ágata, encostando levemente sua musculosa coxa queimada de sol e o windsurf na minha musculosa coxa também queimada de sol e windsurf. Passou-se tanto tempo depois que Ana me deixou, e eu sobrevivi, que o mundo foi se tornando ao poucos um enorme leque escancarado de mil possibilidades além de Ana. Ah esse mundo de agora, assim tão cheio de mulheres e homens lindos e sedutores interessantes e interessados em mim, que aprendi o jeito de também ser lindo, depois de todos os exercícios para esquecer Ana, e também posso ser sedutor com aquele charme todo especial de homem-quase-maduro-que-já-foi-marcado-por-um-grande-amor-perdido, embora tenha a delicadeza de jamais tocar no assunto. Porque nunca contei à ninguém de Ana. Nunca ninguém soube de Ana em minha vida. Nunca dividi Ana com ninguém. Nunca ninguém jamais soube de tudo isso ou aquilo que aconteceu quando e depois que Ana me deixou.

Por todas essas coisas, talvez, é que nestas noites de hoje, tanto tempo depois, quando chego do trabalho por volta das oito horas da noite e, no horário de verão, pela janela da sala do apartamento ainda é possível ver restos de dourados e vermelhos por trás dos edifícios de Pinheiros, enquanto recolho os inúmeros recados, convites e propostas da secretária eletrônica, sempre tenho a estranha sensação, embora tudo tenha mudado e eu esteja muito bem agora, de que este dia ainda continua o mesmo, como um relógio enguiçado preso no mesmo momento - aquele. Como se quando Ana me deixou não houvesse depois, e eu permanecesse até hoje aqui parado no meio da sala do apartamento que era o nosso, com o último bilhete dela nas mãos. A gravata levemente afrouxada no pescoço, fazia e faz tanto calor que sinto o suor escorrer pelo corpo todo, descer pelo peito, pelos braços, até chegar aos pulsos e escorregar pela palma das mãos que seguram o último bilhete de Ana, dissolvendo a tinta das letras com que ela compôs palavras que se apagam aos poucos, lavadas pelo suor, mas que não consigo esquecer, por mais que o tempo passe e eu, de qualquer jeito e sem Ana, vá em frente. Palavras que dizem coisas duras, secas, simples, arrevogáveis. Que Ana me deixou, que não vai voltar nunca, que é inútil tentar encontrá-la, e finalmente, por mais que eu me debata, que isso é para sempre. Para sempre então, agora, me sinto uma bolha opaca de sabão, suspensa ali no centro da sala do apartamento, à espera de que entre um vento súbito pela janela aberta para levá-la dali, essa bolha estúpida, ou que alguém espete nela um alfinete, para que de repente estoure nesse ar azulado que mais parece o interior de um aquário, e desapareça sem deixar marcas.



(Caio Fernando Abreu)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Há um tempo
em que é preciso abandonar as roupas usadas
que já tem a forma do nosso corpo,
e esquecer nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.

É o tempo da travessia;
e se não ousarmos fazê-la
teremos ficado para sempre,
à margem de nós mesmos...