sábado, 19 de abril de 2008


Caminhos novos vou seguindo
Chorando, dizendo, sorrindo

quinta-feira, 17 de abril de 2008



Toca o telefone, é sua amiga Milena, que chora dizendo que está cheia de problemas. Juliana fica preocupada e quanto mais sua amiga fala mais longe sua mente chega. Ausente, teorizando, voando. Juliana só consegue pensar em "como definir alguém infeliz? O que isso significa? Quais são os verdadeiros problemas que alguém pode ter? Ser feliz?... feliz?" - seu cachorro entra no quarto, trazendo seu pensamento de volta à realidade. Milena ainda está falando de seus problemas e a todo momento enfatiza uma unha encravada e uma cicatriz! Banalizar, banalizar! ... de repente, seu pensamento é tomado pela voz, um respiro e ela joga no ar: - Porque é mais fácil analizar sua infelicidade a partir de uma realidade egoísta?

O mundo é bem maior que nós!

vem pra misturar juizo e carnaval
vem trair a solidão
vem pra separar o lado bom do mal
e acalmar meu coração

vem pra me tirar o escuro e a sensação
de que o inferno é por aqui
vem pra se arrumar na minha confusão
vem querendo ser feliz




"A CRIANÇA IDIOTA AGORA, TEM QUATORZE ANOS.
PARABENS PRA MIM(Y) :~ "

08/jan - 2006


quarta-feira, 2 de abril de 2008


Não sei há quantos anos deixei de me preocupar em definir o que sinto. Quando era novinha, sim. Aquelas dissertações se era paixão, amor,
atração, se era passageiro ou para a vida (confesso que quando era novinha, era sempre para a vida...), ocupavam-me horas. Lembro-me que antes de adormecer, a minha cama era uma autêntica palestra. Entre eu e eu. Às vezes até eu, eu e eu. Creio que chegávamos a ser quatro na cama.
Mas, como escrevi ali atrás, com o tempo comecei a adormecer sem “palestrar” comigo .Sobre nomes de coisas. E deixei de me preocupar em lhes dar nomes, mesmo. Quando muito, faço uma lista onde meto as sensações todas. E guardo, bem guardadinha para um dia, quando voltar a apetecer-me batizá-las, ou tiver insónias, mostrar a algum entendido e perguntar, então vá lá, isto é (era) o quê?

Se me pedisses e eu pudesse dava-te o Mundo. Não posso, mas eu sei que tu sabes que eu te daria o Mundo. Se pudesse.
Quando as coisas ficam pretas, quando o Sol se esconde, quando preciso de um ombro, é em ti que penso.
Quando quero o Mundo, mas sei que apenas me podes dar uma palavra, ou mesmo que não possas, continuo a querer o mundo e a ficar apenas com a palavra. Ou mesmo sem ela.
Se me pedirem para definir amigo, penso eu ti. Se me pedirem que pense em ternura, penso naquela moínha que sinto aqui num lugarzito que deve ficar entre o estomago, o coração, a alma e o olhos e que aparece sempre que te toco. Ou mesmo que não te possa tocar.
Se me pedirem que defina prazer, penso no que me dás. Se pedirem que defina desejo, sinto-te.
Se me pedirem que defina vida, falarei em acordar a teu lado. E como basta acordar a teu lado uma manhã, uma tarde ou uma noite, para ela fazer sentido. Adormecer também.
Se me pedirem para te definir...aí, não terei palavras. Que cheguem. Serás, portanto, ainda e sempre o meu Mar. E encantas-me. Muito mais que me encantaste naquela noite em que me esperaste ao fim das escadas. E muito menos que me encantarás amanhã.


- Isabel Faria


Troll Urbano .


Precisa-se de um amigo


Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois odos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de
orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.



- Vinicius de Moraes

Por te rever

Quisera roubar-te essas palavras e morrer
Trazer-te assim até ao fim do que eu puder
E começar um dia mais eternamente
Por te rever, só
Pudesse eu guardar-te nos sentidos e na voz
E descobrir o que será de nós
E demorar um dia mais eternamente
Por te rever, só
Quisera a ternura, calmaria azul do mar
O riso o amor o gosto a sal a sol do olhar
E um lugar pra me espraiar eternamente
Por te rever, só
Pudesse eu ser tempo a respirar no teu abraço
Adormecer e abandonar-me de cansaço
Quisera assim perder-me em mim eternamente
Por te rever, só


Numa cadeira vazia cabe tudo. Cabe a solidão. A esperança. A memória. A partida e a chegada. Num caminho também.
Na volta, uma cadeira vazia no ínicio de um caminho é apenas uma espera.
E se for no fim?



- Isabel Faria